Inteligência Coletiva - A teoria do professor Pierre Lévy

Para Pierre Lévy, a humanidade tenderá a se organizar cada vez menos em padrões formais e hierárquicos e a valorizar mais o aprendizado cooperativo e a inteligência coletiva como nova forma de organização.

No seu entender o que é a inteligência coletiva?

Percebemos que a comunicação está em constantes alterações e não havendo atualização no modelo reflete em perdas em todos os sentidos.

Inteligência coletiva caracteriza de forma ampla a partilha de um conhecimento adquirido com várias pessoas. No aprofundamento do assunto verificamos que a Inteligência Coletiva sempre existiu e vem evoluindo à medida que a linguagem se aperfeiçoa.

Com avanço da internet, possibilitou a facilidade de interação, com isso a inteligência coletiva encontrou as melhores ferramentas para difusão do conhecimento. O ciberespaço é o local para criação coletiva de idéias, de forma que cada um possa contribuir, do lugar que esteja, no seu tempo, com sua idéia, com seu pensamento, com seu ponto de vista para um determinado tema. Utopia gira em torno que tenhamos uma sociedade melhor preparada e planejada intelectualmente.

O papel da internet é fundamental para o funcionamento desse sistema. “O ciberespaço é a principal fonte para a criação coletiva de idéias, de forma que elas sejam usadas para o bem de todos, através da cooperação intelectual”
Usar a internet e as tecnologias atuais para a difusão e troca do conhecimento, de forma que cada um possa contribuir, do seu canto, no seu tempo, com sua idéia, com seu pensamento, com seu ponto de vista. Assim, será possível construir uma sociedade melhor planejada e, levando ao pé da letra, melhor pensada. Esse caminho pode até não ser seguido. No mínimo, deveria.

De uma forma simples, observo que o pensamento sobre "Inteligência coletiva" de Pierre Lévy está muito próximo de nós. Um claro exemplo disso, é a forma como estamos aprendendo e usando a internet para aprimorar os estudos. Esse é um exemplo de como o homem pode pensar e compartir seus conhecimentos com outras pessoas, utilizando a internet como forma de saberes.

Pierre Lévy acredita que a internet pode colaborar para o desenvolvimento humano e social. 

Mas a inteligência coletiva vem muito antes da internet. A disseminação do conhecimento acompanhou a difusão das idéias através dos discursos, da escrita, da oralidade, do contar as histórias.

Para ele, a inteligência coletiva (IC) é, basicamente, a partilha de funções cognitivas, como a memória, a percepção e o aprendizado. “Elas podem ser melhor compartilhadas quando aumentadas e transformadas por sistemas técnicos e externos ao organismo humano”, explicou Lévy, referindo–se aos meios de comunicação e à internet.

Porém, o escritor deixou claro que a IC não é só isso: “ela só progride quando há cooperação e competição ao mesmo tempo”. Para exemplificar, Lévy citou a comunidade científica, capaz de trocar idéias (= cooperar) porque tem a liberdade de confrontar pensamentos opostos (= competir) e, assim, gerar conhecimento. “É do equilíbrio entre a cooperação e a competição que nasce a IC”, concluiu, deixando claro que não são apenas os cientistas que utilizam esse novo conceito: “as empresas necessitam cada vez mais de empregados que precisam lançar idéias e resolver questões coletivamente. As tecnologias atuais permitem isso”.

É assim que nasce a IC, tecnologias atuais… Seria o objeto de estudo de Lévy um conceito novo, inexistente no período pré–internet? Segundo o pesquisador, não. A inteligência coletiva desenvolveu–se à medida que a linguagem evoluiu. A disseminação do conhecimento acompanhou a difusão das idéias através dos discursos, da escrita (”posso, hoje, ler Platão, mesmo que ele tenha escrito uma obra há mais de dois mil anos”) e da imprensa (”quanto mais os meios de comunicação se aperfeiçoam, mais ganha a inteligência coletiva”). Hoje, a era é diferente. E inédita. “O mundo das idéias é o ciberespaço, que permite a interconexão e, portanto, a ubiqüidade. Ainda não conhecíamos essa situação”, resume.

Um exemplo? Para Lévy, a inteligência coletiva pode ser dividida em inteligência técnica, conceitual e emocional. A primeira corresponde à inteligência que lida com o mundo concreto e dos objetos, como a engenharia (coisa). A seguinte relaciona–se ao conhecimento abstrato e que não incide sobre a materialidade física, como as artes e a matemática (signo). A última, por sua vez, representa a relação entre os seres humanos e o grau de paixão, confiança e sinceridade que a envolve, e tem a ver com o direito, a ética e a moral (cognição).

 (1) o técnico, que vai dar suporte estrutural à construção das idéias e pode ser exemplificado pelas estradas, prédios, meios de comunicação (coisa);

(2) o cultural, mais abstrato, representado pelo conhecimento registrado em livros, enciclopédias, na World Wide Web (signo);

(3) o social, que corresponde ao vínculo entre as pessoas e grau de cooperação entre elas (cognição).

O capital técnico gera as condições necessárias para a disseminação dos capitais cultural e social que, por sua vez, criam o capital intelectual, ou seja, todas as idéias inventadas e depreendidas pela população e que, uma vez expostas, passam ao domínio público. Esse capital, enfim, é o núcleo de toda a inteligência coletiva.
Lévy afirma que estamos apenas no início de uma nova etapa da evolução cultural. “A que tipo de civilização esse ambiente ecossistêmico de idéias vai nos levar?”, provoca. Antes que alertem–no de que apenas 8% dos brasileiros têm acesso à internet, ele dá sua opinião: “é claro que estamos longe do ideal, mas o índice de conexão no Brasil é notável. Não podemos esquecer que a escrita foi inventada há cerca de três mil anos, o alfabeto há mil e não é a totalidade do mundo que sabe ler e escrever”.

Enfim, a teoria do pesquisador pode ser resumida na sua chamada ecologia das idéias, isto é, a relação bidirecional – e algo darwiniana – entre a população e as idéias. Se as pessoas (não) ajudam a reprodução de conhecimento, este lhe será totalmente (des)favorável. De outro modo, se as idéias (des)favoráveis são mantidas e disseminadas, a população (não) se reproduz., conclui Lévy, após 90 minutos de palestra.

A conexão cada vez mais densa entre os indivíduos realmente contribui para ações coletivas. O próprio Lévy dá exemplos em seu novo livro, Cyberdémocratie, de sites governamentais que se aproveitam da facilidade de comunicação com a população para debater temas relevantes para toda a sociedade. O crescente uso de ferramentas de groupware (tecnologias que auxiliam o trabalho cooperativo), que vão do prosaico correio eletrônico até sofisticados gerenciadores de workflow, também demonstra uma convergência necessária para a inteligência coletiva.

Entretanto, há muito ainda o que pensar. Todas as questões polêmicas e importantes que surgiram com o advento em massa da internet envolvem–se diretamente com a inteligência coletiva: direitos autorais, software livre, weblogs, TV digital, educação à distância, jornalismo online são alguns dos assuntos relacionados à expansão do ciberespaço e merecem destaque. Fora outra infinidade de temas, claro. Não se pode resumir um estudo tão amplo a alguns triângulos e tentar enquadrar os tópicos da pesquisa em cada um dos vértices. A pesquisa merece aprofundamento.

E por que não um aprofundamento coletivo? Cada universidade poderia estudar uma das áreas citadas e, depois, reunir os resultados obtidos das outras instituições e alcançar conclusões. Ou seja, o destino é esse mesmo. Usar a internet e as tecnologias atuais para a difusão e troca do conhecimento, de forma que cada um possa contribuir, do seu canto, no seu tempo, com sua idéia, com seu pensamento, com seu ponto de vista. Assim, será possível construir uma sociedade melhor planejada e, levando ao pé da letra, melhor pensada. Esse caminho pode até não ser seguido. No mínimo, deveria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário