A Revolução Industrial e a Globalização da Informação

Diante desses fatos, poderíamos dizer que mudamos de uma sociedade de massa para uma nova ordem de informação

E os indivíduos estariam agindo, mesmo que desorganizadamente, ao contrário da lógica de massa, buscando a informação descentralizada ou seria uma nova forma de ação do massa media?

Quem teria a possibilidade de agendar temas a serem debatidos pela opinião pública: o Estado, as grandes redes de mídia ou grupos segmentados?

A Globalização é o aspecto fundamental para o desenvolvimento tecnológico da comunicação moderna. O século XIX, partindo da Revolução Industrial, foi o período em que as redes de comunicação foram organizadas sistematicamente em escala global, atendendo à necessidade comercial daquela nova ordem emergente – o capitalismo industrial e consequentemente o “consumo de massa”.

Naquele momento, a produção deixava de ser artesanal para se transformar em industrial e em uma escala planetária. A consequência disso para a comunicação é que havia uma necessidade de eficiência e rapidez na informação para escala de consumo que se estruturava nos quatro cantos do planeta. Assim, o consumo de massa indica a real adequação de tecnologia da informação no século XIX. Neste sentindo, Thompson (2005) destaca três aspectos da integração das redes de informação na materialização do mercado de massa no final do século XIX e início do século XX.

• Desenvolvimento dos sistemas de cabos submarinos ligando a Europa aos Estados Unidos.
• Surgimento e afirmação das agências de notícias internacionais e delimitação de sua atuação, por continente e país, para integração e consequente concentração de informação para a venda às empresas de comunicação.
• Formação de organizações internacionais, tanto para produzir industrialmente quanto para instituir companhias de comunicação, na distribuição do espectro magnético – o rádio.

No trabalho de Defleur (1993: 104), é destacado a importância da Revolução Industrial para o desenvolvimento tecnológico da comunicação:

Com a entrada da sociedade ocidental no século XIX, tornou-se crítica a necessidade de um meio de comunicação que até mesmo atravessasse os oceanos. O ritmo do intercâmbio comercial entre nações aumentara grandemente com o advento da Revolução Industrial. A Grã-Bretanha estava formando um império colonial tão vasto e dilatado que podia gabar-se impunemente de o sol nunca se pôr nele (...)

Estavam consolidando novos sistemas políticos, desenvolvendo mercados coloniais e explorando novas fontes de matérias-primas. Junto com tudo isso ocorreu modificações fundamentais na natureza da organização da sociedade ocidental (...) resta escassa dúvida de que perante crescente complexidade societária, era intensamente necessário um meio de comunicação como o telégrafo elétrico, capaz de posto em uso para fins imediatos, práticos e importantes bem antes de afinal estar disponível.

O desenvolvimento e a exploração dessas várias tecnologias interligaram-se de formas complexas com o poder econômico, político e coercitivo no mundo todo. Assim, o uso da energia elétrica na comunicação foi uma das grandes descobertas do século XIX. As inovações técnicas a partir daí são conhecidas como as primeiras experiências com telégrafo eletromagnético, realizadas em 1830, nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Alemanha. 

A tecnologia de transmissão eletromagnética foi adaptada com êxito para transmitir a fala nos anos seguintes, pavimentando o caminho para o desenvolvimento dos sistemas de telefonia em escala comercial. Após a Primeira Guerra Mundial, Westinghouse nos Estados Unidos, e Marconi, na Inglaterra, começaram as primeiras experiências com transmissões radiofônicas. O subsequente desenvolvimento dos sistemas para uma vasta audiência – o rádio, a partir de 1920, e a televisão, nos anos 1940/50 – foi rápido e universal.

A consequência dessa necessidade de implementação tecnológica para uma comunicação integrada e eficaz foi que, através de fusões, tomadas de controle e outras formas de diversificação, os grandes conglomerados emergiram (a história socioeconômica das indústrias da mídia no século XX está bem documentada, não sendo necessário descrevêla aqui em detalhes) e assumiram um crescente e importante papel no domínio da mídia: são organizações multimídia/ Organização e Implementação da Gestão por Projetos.

A diversificação em escala global permite que as grandes corporações se expandam de modo a evitar restrições ao direito de propriedade presentes em muitos contextos nacionais; também lhes permitindo concessões e benefícios de subsídios junto a governos. Esse modelo de informações, centralizadas nos maiores conglomerados da comunicação, tais como Time Warner, grupo Bertelsmann, News Corporation de Rupert Murdoch, Fininvest de Silvio Berlusconi dentre outras, tornaram-se empresas emblemáticas na esfera da indústria de mídia. Essas grandes concentrações de poder econômico e simbólico forneceram as bases para a produção do conteúdo da informação em escala global.

No entanto, neste início de século XXI, a informação está cada vez mais globalizada, e com uma nova fórmula sociocultural, interativa e segmentada. As empresas mudam suas estratégias de marketing, uma vez que a rede mundial Internet propicia uma interatividade on-line entre os consumidores, forçando as empresas a se tornarem mais abertas. As agremiações políticas concorrem com indivíduos que laçam nas comunidades virtuais temas variados. O Estado também sofre transformações na sua conduta de controle social.

Nenhum comentário:

Postar um comentário