Consciência Política - A construção da identidade cidadã e política

“O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite." (Êxodo 13.21)

O que acabamos de ler nos retrata algo ocorrido logo que os hebreus deixam de ser escravos e saem como povo livre do Egito. Eles estavam muito estimulados e motivados. E precisariam mesmo estar, já que deveriam enfrentar as condições inóspitas do deserto por onde trilhariam.

Afinal, Israel tinha como combustível de sua força e empolgação, o comprometimento do próprio Deus, de que eles tomariam posse da terra prometida, que manava leite e mel. E como se tudo isso já não bastasse para mantê-los convictos e animados, conforme pudemos observar, ao ler o texto bíblico acima, eles eram guiados pelo Senhor diuturnamente rumo ao que seria sua futura nação.

Com exceção de Josué e Calebe, rigorosamente, ninguém mais daquela geração dos que nasceram e viveram no Egito entrou na terra prometida. Apesar de terem tido todas as suas necessidades providas, acabaram morrendo no deserto durante os 40 anos em que lá foram peregrinos. Essas pessoas viveram boa parte de suas vidas como escravas no Egito, dentre vários outros fatores, haviam perdido a identidade cidadã e de organização social.

E, para agravar, eram apolíticas, isto é, não se interessavam, não gostavam, nem pensavam, mas ignoravam política. Portanto, não tinham sequer noção do significado de plano de governo ou de qualquer sinônimo desta natureza. Em suma, não eram politizados.

Ao observarmos os textos bíblicos que narram esse episódio, poderemos verificar que os hebreus que tomaram posse da terra prometida eram o que podemos denominar de filhos de uma nova cultura, de novos conceitos e politizados.

Eles foram educados sob um código de ética, estrutura organizacional e à luz das leis mosaicas. Por isso, tornaram-se hebreus com princípios e juízo de valores distintos da geração que lhes era anterior e que, provavelmente, não saberiam administrar a cidade.

Dentre outros fatores, seu perfil apolítico os desqualificava e os fizera andar aparentemente em círculos no meio do deserto durante aproximadamente 40 anos, até que a nova geração politizada fosse formada e se tornasse apta a gerir um Estado.

Dr. Carlos Oliveira

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