Adaptações do novo jornalismo político

Sem a fartura de declarações, a imprensa terá que reaprender a fazer reportagem política.
Viciados na linguagem agressiva dos confrontos, os jornais brasileiros de circulação nacional demonstram alguma dificuldade para lidar com os fatos produzidos pelo atual governo. Sem as frases controversas do ex-presidente Lula da Silva, o jornalismo político parece carente de munição para seu noticiário alimentado por declarações.


O desconforto é evidente em artigos, editoriais e reportagens, como se a imprensa estivesse avaliando que posição tomar na ausência de seu velho desafeto.

Frases ruidosas
O Globo parece impressionado pelo fato de que uma mulher na Presidência da República venha a estabelecer um estilo completamente diferente do de seu antecessor. O jornal se surpreende porque a presidente "demonstra ter rumo próprio", como se os editores tivessem assumido como verdadeiras afirmações feitas pela oposição durante a campanha, de que o ex-presidente Lula da Silva estava impondo uma sucessora sem experiência eleitoral como forma de se manter no poder indiretamente. 

O jornalismo político brasileiro é feito, há muito tempo, com uma receita básica: apanha-se – ou se provoca – uma declaração do governo ou da oposição, tempera-se com uma pitada de comentários por meio de editoriais ou artigos, cozinha-se esse conteúdo na fervura de Brasília e serve-se a polêmica reforçada com novas declarações. 

O hábito do ex-presidente Lula de produzir frases ruidosas alimentava essa pauta única.

Por Luciano Martins Costa em 07/02/2011 na edição 627

Fonte: Observatório da Imprensa

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