Brasil ajuda a combater a fome na África


“A África entendeu que as nossas condições agroecológicas são muito parecidas, e a nossa cultura, inclusive, é muito parecida, eles entenderam que nós somos o melhor parceiro”


Reprodução da Entrevista do Marcio Porto, chefe da Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa.

Como a pesquisa da Embrapa pode apoiar a luta contra a fome?
Sem pesquisa, não existe segurança alimentar. Ou pelo menos [não existe] segurança alimentar sustentável, porque a produção de alimentos evolui, as técnicas de produção de alimentos evoluem, na ciência. Os países que não produzirem suas próprias técnicas de produção de alimentos vão ficar importando a tecnologia de outros, e os outros só mandam aquilo que querem. Então é importantíssimo para a segurança alimentar que haja pesquisa adaptada aos locais, aos biomas onde estão as pessoas.

O continente africano está preparado para realizar esses trabalhos?
Eu acho que a África está preparada para isso. E eu vejo que está preparada pela demanda que existe pelo conhecimento da Embrapa. 
O problema da África é o direcionamento dos recursos. Talvez um país com poucos recursos ache melhor investir em outra área, mas nós esperamos que com essa mensagem massiva de vontade política que o presidente Lula está trazendo, que nós todos estamos trazendo, os governantes se convençam que realmente vale a pena investir em pesquisa. Mas para que a luta contra a fome vença, tem que ter pesquisa, tem que ter conhecimento.

Quais os primeiros desafios enfrentados pela Embrapa?
O desafio é o volume. O volume da demanda. Como a África entendeu que as nossas condições agroecológicas são muito parecidas, e a nossa cultura, inclusive, é muito parecida, eles entenderam que nós somos o melhor parceiro. 
Então a demanda está chegando com muita força. Essa demanda chega principalmente pela ABC, que é a Agência Brasileira de Cooperação, com a qual nós cooperamos. Nós atuamos com a ABC como braço técnico da política externa para a África. 
Então há muita demanda, nós temos uma equipe limitada no Brasil. São muitos pesquisadores, mas a demanda é muito grande. Então o desafio é como realizar esta cooperação sem prejudicar a pesquisa no Brasil. Eu penso que vale a pena, porque trabalhar aqui para um trabalhador brasileiro não é perda de tempo, é ganho de conhecimento. E tem inclusive tecnologias africanas que podem ser aproveitadas pelo Brasil. O Brasil não pensa que está aqui para dar. 
O Brasil está aqui para cooperar. É difícil você sempre receber, né? Você se coloque no lugar de um africano, que toda sua vida tem recebido. Imagine o alegre que ele fica quando ele aprende que tem alguma coisa para dar. Essa é a cooperação.

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